Conversei com Nick Ayer, ele é produtor de teatro e vai contar um pouco para a gente do seu trabalho, que fica no backstage e é fundamental para a realização dos espetáculos! Vamos ver?
1.
Quando começou esse interesse de ser produtor? Teve alguém que te
inspirou?
Olha, eu
vim de uma família de produtores. Eu basicamente nasci numa coxia de teatro.
Comecei atuando com 7 anos de idade, fiz alguns comerciais na época. Continuei
atuando por mais de 20 anos, continuo sendo ator, mas depois disso tudo,
comecei a me interessar mais pelos bastidores. Comecei a me interessar por luz
e tive com Ney Matogrosso e ele disse para eu estudar fotografia que eu iria
entender sobre luz. Fui me interessando e estou me interessando cada vez mais
pelos bastidores. Até que num determinado momento, eu comecei a produzir.
Passei por todas as fases, fiz produção executiva, fui assistente de produção e
hoje eu faço produção e direção de produção. Então minha trajetória basicamente e essa.
2.
Qual a parte mais DIFÍCIL de ser produtor?
Ser produtor exige
gostar do que se faz... como tudo que fazemos na vida. Não existe uma
parte mais difícil, existem sim partes trabalhosas.
Você tem que ser
muito responsável e muito exigente. Tudo tem que sair a contento, no tempo
exato. Tem que se atingir a perfeição.
Nosso objetivo é
satisfazer a quem nos prestigia: o público. Um bom produtor tem que gostar de
"gente". Você se relaciona com as mais variadas personalidades e
aprende com cada uma delas. Desde o funcionário da limpeza do teatro, passando
por gerentes corporativos, elenco, técnicos, administradores etc... Sou
um produtor que exige o máximo da minha equipe (confesso), mas sempre
trabalhamos unidos e com muita força da vontade e bom humor.
3.
Você já produziu vários espetáculos. Qual ou quais foram os mais
significativos na sua carreira? E porque?
Já estive em várias
produções, são mais de 20 anos de carreira. Falar de uma ou algumas é muito difícil,
mesmo porque todas foram excelentes. Mas ter estado na equipe de "O
Fantasma da Ópera" foi maravilhoso. Um grande musical que na época esteve
em cartaz no Teatro Abril, hoje Teatro Renault. É o maior espetáculo
do gênero no planeta. É grandioso. Gosto de espetáculos grandiosos ,
trabalhosos. O fantasma tem essa característica. Muita automação, muitos
elementos cênicos, ensaios constantes para se atingir a perfeição. E nós
atingimos.
Atenção redobrada 24
horas por dia.
Gostei muito de
feito "Cruel", embora não estivesse produzindo, eu estava na direção
técnica do espetáculo. Trabalhar com o Giane (Reynaldo Gianecchini), Erik Marmo
e Maria Manoela foi espetacular. Tem também o Sweet Charity, musical com a
Claudia Raia. Foi delicioso e trabalhoso, mas valeu cada minuto. E claro,
agora, o AíPod com Simone Gutierrez e Eduardo Berton; uma delicia de fazer e um
prazer estar com essa equipe simplesmente fantástica. Vamos estrear dia 27 de
Julho no teatro MuBE Nova Cultural. Vai ser uma temporada inesquecível com a
Simone fazendo uma dupla jornada no Aípod, e na "Joia Rara", a nova
novela da Rede Globo das 18h00.
4.
Como foi produzir a videomusicomédia AíPod?
Produzir
o Aipod foi divertido, porque a cada nota de cada música, a cada palavra de
cada texto, tem um significado muito interessante que vai ser transmitido para
a platéia, e ao mesmo tempo tem uma delicadeza na concepção do espetáculo.
Então é divertido por isso e é trabalhoso, mas é muito gostoso.
5.
Como foi trabalhar na peça “Biografia Não Autorizada”?
Trabalhar
com o Daniel é muito bom! Daniel é um grande parceiro de trabalho que era o
autor do texto e ele também foi o produtor geral que é o que eu faço hoje no Aípod.
E eu trabalhei com ele dentro da
coordenação geral da técnica do espetáculo. Então eu fui coordenador
técnico do espetáculo, além de estar sempre trabalhando com produções. Dei um
certo suporte a produção do espetáculo, mas basicamente estava na coordenação
geral dessa parte técnica. Além de ter feito um trabalho de voz, de texto junto
com Marcos Oliveira. Fiz o coaching para o Marcos também. Então foi gostoso,
era uma comédia áscida, e foi divertido! De novo a palavra divertido, porque
depois que o espetáculo estreou, a diversão era trabalhar. Um teatro gostoso,
no Teatro MuBE e com uma equipe bastante legal. Era uma equipe menor, mas muito
disponível para o trabalho. Foi bem legal, foi muito gostoso mesmo.
6.
Qual a relação do produtor com a equipe artística? Você também dá suas
opiniões?
Eu dou minhas opiniões ,geralmente, quando estou produzindo, na função de produtor geral. As vezes
acontece, da produção, ter que interferir nessa questão artística. Por exemplo,
nós temos uma planília financeira, se derrepente, essa planília ultrapassa
os limites do que pode ser gasto, você acaba até interferindo um pouco no
artístico. Um dos motivos é esse, mas tem outros. Tem muitas vezes que isso não
acontece, mas quando acontece, temos que interferir para poder ajustar essa planília
de custos e ajustar o artístico também.
7.
Pra você, o que você acha que é essencial numa produção para se dar bem?
Eu acho
que o produtor para se dar bem, primeiro tem que entender de produção. Ele tem
que saber todos os caminhos por onde uma produção percorre. E claro, o produtor
tem que ser responsável, você trabalha as vezes 16 horas por dia, não é um
trabalho que tem hora para entrar e hora para sair. Mas eu acho que é isso, ser
responsável, entender como fazer uma contratação de um profissional, fechamento
de um aluguel de um espaço, todo o envolvimento que você tem que ter com o seu
patrocinador, com respeito, carinho com todos, ter também um bom argumento,
saber conversar com as pessoas e manter um sorriso no rosto. Trabalhar com
produção é trabalhar com pessoas, e trabalhar com pessoas num nível de
negociações e chegar num denominador comum.
8.
Eu queria saber, o que você acha dá lei Ruanet?
Eu acho que a lei Ruanet ela
já foi um pouco mais rigorosa. Hoje ela está um pouco mais agilizada, mas eu
acho que ela não atende totalmente várias produções, várias possibilidades de
produções, que existem no Brasil. É uma lei muito bem formatada, mas eu acho
que ela precisaria ainda de mais agilidade e uma abertura maior para todas as
produções pertinentes de qualidade que existe no Brasil.