terça-feira, 19 de novembro de 2013

ENTREVISTA Ivan Parente

       A entrevista de hoje é com Ivan Parente. Ele me contou como foi o processo de criação do seu papel atual em "A Madrinha Embriagada", contou um momento engraçado que aconteceu com ele em cena, como foi participar de "Les Misérables" e muito mais. Vamos ver?!

Todos Musicais: Você fez parte do elenco de “Les Misérables”, um musical grandioso. Como foi poder participar dessa produção?
Ivan Parente: Foi o maior aprendizado que tive. Aprendi como devo me portar nos ensaios, no palco, nas coxias. Principalmente aprendi como me portar como colega de cena. Não existe espaço para erro. Porque lá você poderia perder uma perna ou fazer alguém se machucar caso estivesse no lugar errado e na hora errada. Tudo era muito rígido! Isso me fez bem. Eu acho Les Mis o maior espetáculo musical. O texto e as músicas são impressionantes.

TM: Em Alô, Dolly! você trabalhou com Marília Pera e Miguel Falabella. Como foi dividir o palco com dois grandes mestres do teatro musical brasileiro?
IP: Eu já havia trabalhado com Miguel em Godspell no ano de 2002, mas foram apenas algumas apresentações em que o ator não pode fazer e foi uma experiência incrível. O Miguel é muito generoso e nos faz sempre ficar atentos ao novo. Nada passa desapercebido para o Miguel em cena. Ele é muito sensível e é por isso que ele é um dos atores mais bem sucedidos aqui no Brasil e também fora dele. Marília é sem dúvida uma atriz genial. Ela diz o mesmo texto de formas diferentes todos os dias e cada vez que ela diz, ou nos emociona ou nos faz rir com a mesma intensidade. Parece mesmo que estamos ouvindo aquele texto pela primeira vez. Tudo é muito fresco e natural. Sem exageros. Acho que observar esses dois gigantes do teatro e da televisão me fez crescer muito. Eu tinha apenas uma cena com os dois quase no fim do espetáculo em que eu fazia um Juíz e me divertia muito com eles. Engatinhando, eu tentava dar frescor ao meu texto todos os dias e conseguia perceber os olhos de Marília [Pêra] e Miguel [Falabella] quando alguma coisa dava certo de forma diferente.

TM: Qual o maior desafio em fazer homem da poltrona em “A Madrinha Embriagada”? O público interage com você? Conta um pouco.
Foto: Caio Galluci
IP: Miguel me deu um presente. Fazer essa personagem é o sonho de todo grande ator de musicais. Porque ele não canta, mas ele está em cena o tempo inteiro e precisa "estar em cena" o tempo inteiro literalmente. Acho que esse é o maior desafio. Contar a história como se fosse a primeira vez. Escola que eu tive com o Miguel e Marília em Alô, Dolly. O público é uma grande caixa de surpresa. Cada dia eles reagem em um lugar e isso faz com que o espetáculo fique fresco sempre. Eu falo diretamente com o público sem travar um diálogo, mas eles sentem que estão sentados ouvindo um disco junto comigo. Eles vão aos poucos entendendo que essa personagem é muito sozinha, doente e muito carente. Acabam ficando amiga da personagem sem perceber. Tem gente que tenta conversar, mas não acontece sempre. Na maioria das vezes eles ficam tentando absorver o máximo de informação da história possível.

TM:Como foi o processo de criação para esse personagem?
IP: Primeiro o Miguel [Falabella] pediu para que eu decorasse o texto até eu sentir que ele fosse parte de mim. Como se fosse uma história que eu gostasse de contar com detalhes. Depois aos poucos fui me aprofundando nas nuances do texto para que não parecesse apenas um monólogo chato. Fui também achando sentimentos reais que a personagem pudesse ter com os atores da peça e com as personagens fictícias também. Eu sou fã mesmo de todos os atores queridos que fazem a peça comigo, então isso ficou fácil. E ainda todos os dias acho coisas boas para agregar. É uma personagem que muda de humor todos os dias, porque eu também não estou igual todos os dias.

TM: Teve algum momento engraçado que aconteceu com você em cena?
IP: Estes dias o pé da minha poltrona quebrou. A poltrona ficou bamba e público percebeu meu desespero. Aconteceu entre o primeiro e o segundo ato da peça. Então eu tentei colocar umas revistas para calçar o pé, mas não obtive sucesso. O público ficou comigo enquanto eu tentava resolver a questão, mas sem sucesso. O fracasso do ator para com a personagem causou uma torcida na plateia, tanto para que ele conseguisse arrumar quanto para que ele não conseguisse, porque a cadeira ficou bamba e cada vez que ele sentava ela inclinava. Foi ótimo.

TM: Que dica você pode dar para quem está começando na carreira?
IP: Acho que todos que querem ingressar na carreira precisam estudar muito, muito, muito. Hoje em dia temos muita gente tentando ser ator, atriz por causa do glamour. Bobagem. Ser artista é ser um trabalhador do arte. É necessário entender toda a mecânica do teatro e da televisão para que você possa dar valor. Saber desde o que é montar uma luz, varrer um camarim, trocar lâmpadas, press set, montar cenário antes até de decorar um texto, decorar uma música. Nada vem com facilidade. Para que possamos respeitar o backstage e suas funções. Vejo muita gente ingressando na área maltratando camareira, técnico de som e isso é inconcebível. Quem está começando precisa pensar nisso.

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