A entrevista de hoje é com Ivan Parente. Ele me contou como foi o processo de criação do seu papel atual em "A Madrinha Embriagada", contou um momento engraçado que aconteceu com ele em cena, como foi participar de "Les Misérables" e muito mais. Vamos ver?!
Todos Musicais: Você fez parte do elenco de “Les Misérables”, um musical grandioso. Como foi poder participar dessa produção?
Ivan Parente: Foi o maior aprendizado que tive. Aprendi como devo me portar nos
ensaios, no palco, nas coxias. Principalmente aprendi como me portar
como colega de cena. Não existe espaço para erro. Porque lá você poderia
perder uma perna ou fazer alguém se machucar caso estivesse no lugar
errado e na hora errada. Tudo era muito rígido! Isso me fez bem. Eu acho
Les Mis o maior espetáculo musical. O texto e as músicas são
impressionantes.
TM: Em Alô, Dolly! você trabalhou com Marília Pera e Miguel Falabella. Como foi dividir o palco com dois grandes mestres do teatro musical brasileiro?
IP: Eu
já havia trabalhado com Miguel em Godspell no ano de 2002, mas foram
apenas algumas apresentações em que o ator não pode fazer e foi uma
experiência incrível. O Miguel é muito generoso e nos faz sempre ficar
atentos ao novo. Nada passa desapercebido para o Miguel em cena. Ele é
muito sensível e é por isso que ele é um dos atores mais bem sucedidos
aqui no Brasil e também fora dele. Marília é sem dúvida uma atriz
genial. Ela diz o mesmo texto de formas diferentes todos os dias e cada
vez que ela diz, ou nos emociona ou nos faz rir com a mesma intensidade.
Parece mesmo que estamos ouvindo aquele texto pela primeira vez. Tudo é
muito fresco e natural. Sem exageros. Acho que observar esses dois
gigantes do teatro e da televisão me fez crescer muito. Eu tinha apenas
uma cena com os dois quase no fim do espetáculo em que eu fazia um Juíz e
me divertia muito com eles. Engatinhando, eu tentava dar frescor ao meu
texto todos os dias e conseguia perceber os olhos de Marília [Pêra] e Miguel [Falabella]
quando alguma coisa dava certo de forma diferente.
TM: Qual o maior desafio em fazer homem da poltrona em “A Madrinha Embriagada”? O público interage com você? Conta um pouco.
Foto: Caio Galluci |
IP: Miguel
me deu um presente. Fazer essa personagem é o sonho de todo grande ator
de musicais. Porque ele não canta, mas ele está em cena o tempo inteiro
e precisa "estar em cena" o tempo inteiro literalmente. Acho que esse é
o maior desafio. Contar a história como se fosse a primeira vez. Escola
que eu tive com o Miguel e Marília em Alô, Dolly. O público é uma
grande caixa de surpresa. Cada dia eles reagem em um lugar e isso faz
com que o espetáculo fique fresco sempre. Eu falo diretamente com o
público sem travar um diálogo, mas eles sentem que estão sentados
ouvindo um disco junto comigo. Eles vão aos poucos entendendo que essa
personagem é muito sozinha, doente e muito carente. Acabam ficando amiga
da personagem sem perceber. Tem gente que tenta conversar, mas não
acontece sempre. Na maioria das vezes eles ficam tentando absorver o
máximo de informação da história possível.
TM:Como foi o processo de criação para esse personagem?
IP: Primeiro
o Miguel [Falabella] pediu para que eu decorasse o texto até eu sentir que ele fosse
parte de mim. Como se fosse uma história que eu gostasse de contar com
detalhes. Depois aos poucos fui me aprofundando nas nuances do texto
para que não parecesse apenas um monólogo chato. Fui também achando
sentimentos reais que a personagem pudesse ter com os atores da peça e
com as personagens fictícias também. Eu sou fã mesmo de todos os atores
queridos que fazem a peça comigo, então isso ficou fácil. E ainda todos
os dias acho coisas boas para agregar. É uma personagem que muda de
humor todos os dias, porque eu também não estou igual todos os dias.
TM: Teve algum momento engraçado que aconteceu com você em cena?
IP: Estes
dias o pé da minha poltrona quebrou. A poltrona ficou bamba e público
percebeu meu desespero. Aconteceu entre o primeiro e o segundo ato da
peça. Então eu tentei colocar umas revistas para calçar o pé, mas não
obtive sucesso. O público ficou comigo enquanto eu tentava resolver a
questão, mas sem sucesso. O fracasso do ator para com a personagem
causou uma torcida na plateia, tanto para que ele conseguisse arrumar
quanto para que ele não conseguisse, porque a cadeira ficou bamba e cada
vez que ele sentava ela inclinava. Foi ótimo.
TM: Que dica você pode dar para quem está começando na carreira?
Quebra tudo !!! Talento pesado !!! Nem a poltrona escapa... Sucesso !!!
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